Ser UFSCar: pensar, ser e viver uma Universidade Democrática, Ousada, Diversa, Multicampi, Sustentável e Relevante 

É com muito entusiasmo que apresentamos à comunidade UFSCar a carta programa que pretende apontar as bases para a gestão da nossa universidade no próximo ciclo que se avizinha. Estamos próximas a concluir a gestão que nos foi confiada, na certeza de que estamos preparadas para um novo ciclo que, ao mesmo tempo, garanta a conclusão de projetos estruturantes que se encontram em andamento e dê lugar ao novo, a partir de um debate que começaremos nesse processo de campanha para pensar juntas e juntos o que é SER UFSCar.

Assumimos a gestão em um contexto muito desafiador: após um período interno bastante conflituoso, marcado por perseguições e por impasses que comprometeram sobremaneira a imagem institucional da UFSCar e seu desenvolvimento; após um processo eleitoral judicializado, concluído com uma tentativa de golpe e um claro ataque à autonomia universitária, a partir da não nomeação do reitor eleito; durante o contexto da pandemia de COVID-19, em que a universidade ainda não contava com uma ação coordenada para manutenção de suas atividades essenciais e para a garantia de cuidado das pessoas, mas sem saber que o pior estava por vir; após um período de descrédito absoluto na política e no fazer política. Felizmente, a precaução adotada pela UFSCar desde os anos 1980, no envio da lista tríplice com nomes que representam o projeto eleito pela universidade, a protegeu de uma intervenção, o que não foi a realidade em tantas outras IFES Brasil afora. Importante recordar que todo esse processo se deu a partir do apoio inquestionável do Conselho Universitário, convocado para debater e deliberar acerca das condições impostas à Instituição em janeiro de 2021. 

Com alegria entendemos que esse período ficou para trás. Em resposta à confiança do ConsUni, que nos solicitou a implementação do projeto eleito, reconstruímos processos de gestão que permitiram que a UFSCar avançasse em várias frentes. Fizemos política, com os mais diferentes atores internos e externos à nossa instituição! Começamos o trabalho reconstruindo o processo democrático que sempre foi marca da UFSCar: a gestão a partir dos colegiados. O Conselho Universitário que até então não havia sido convocado para discutir a condição imposta pela pandemia de COVID-19, se reuniu, ordinária e extraordinariamente, 24 vezes ao longo de 2021, em reuniões absolutamente tranquilas, com muito debate respeitoso entre todos os presentes, o que resultou, na grande maioria das vezes, em encaminhamentos produzidos a partir de consensos, construídos pela presidência na condução das reuniões. Centralizamos a gestão interna da pandemia, criando condições seguras para realização das atividades essenciais, respeitando as evidências científicas, acompanhando as discussões realizadas no âmbito da ANDIFES e as melhores práticas compartilhadas entre as IES do Estado de São Paulo. A partir desse trabalho foi possível promover o retorno seguro às atividades presenciais e garantir que nenhuma vida fosse perdida em razão do processo de funcionamento da nossa Instituição. Lamentavelmente, a demora para implantação do ensino remoto no ano de 2020 teve impactos no calendário acadêmico que são sentidos até os dias atuais. 

O trabalho no âmbito da assistência e permanência estudantil buscou qualificar as ações e integrá-las com ensino, pesquisa e extensão, fortalecendo o processo de democratização de acesso e de permanência. Todas as construções se deram a partir do Conselho de Assuntos Comunitários e Estudantis. No início da gestão, auge da crise orçamentária dos últimos anos, o ConsUni se posicionou de forma contundente, priorizando a permanência estudantil no investimento de recursos e aprovando o CRIE (Captação de Recursos para Investimento em Equidade – Programa de Fomento da FAI-UFSCar). Melhorias significativas foram implementadas nos Restaurantes Universitários (RUs) dos quatro campi, garantindo segurança alimentar com qualidade. Além disso, cabe destacar que fomos uma das poucas Universidades que mantiveram os RUs funcionando durante a pandemia de COVID-19, com adaptações à condição epidemiológica, para garantir as refeições de estudantes bolsistas do PAE (Programa de Assistência Estudantil). 

Retomamos o respeito e a visibilidade externa da UFSCar nos diferentes cenários de participação, com destaques para a ANDIFES, a AUGM e a articulação entre as Instituições Federais de Ensino do Estado de São Paulo. Nos últimos três anos, a UFSCar teve participação ativa e liderou a representação da regional sudeste na ANDIFES, tendo destaque em diferentes iniciativas. 

Recuperamos a confiança junto ao Ministério Público Federal e aos órgãos de controle, realizando audiências frequentes para dialogar e encaminhar questões importantes. Construímos processos que deram fluxo e agilidade à apuração de denúncias e seus encaminhamentos, fortalecendo também o debate e o combate à violência na nossa universidade. 

Ampliamos a transparência nos processos de gestão, com destaque à gestão financeira e orçamentária. Ainda no governo anterior, conquistamos 26 vagas-docente para cumprimento do pacto de implantação do campus Lagoa do Sino e para apoio a departamentos absolutamente sobrecarregados. Quinze novas vagas chegaram em 2024 e foram distribuídas aos departamentos com maior esforço de graduação. Todas as vagas foram alocadas a partir da Comissão de Modelo Esforço Docente, da qual fazem parte todas as Direções de Centros Acadêmicos. Somadas às vagas que já estavam disponíveis mas não haviam sido distribuídas, foram alocadas 45 novas vagas-docente entre 2023 e 2024. Além de garantir transparência, esse trabalho facilitará o avanço com o modelo em construção, que deve nos levar a uma condição de maior equilíbrio na distribuição do esforço docente entre os departamentos. 

O atendimento do suporte administrativo a projetos de pesquisa com financiamento externo foi expandido – hoje, qualquer projeto de pesquisa financiado pode ser gerenciado pelo PAPq. Implantamos de forma concreta o Instituto de Estudos Avançados e Estratégicos. Criamos o Instituto da Cultura Científica, colocando a UFSCar ainda mais em evidência no processo de popularização da ciência, tão relevante nos dias atuais. 

Avançamos com a aprovação da política de saúde mental e sua implantação, com destaque à criação da CASM (Coordenadoria de Articulação em Saúde Mental) junto à ProACE. Estruturamos um programa de gestão sustentável que começa pela área verde do campus São Carlos e deve se expandir para Araras, Sorocaba e Lagoa do Sino, a partir de práticas exemplares no manejo do meio-ambiente. 

Com a mudança de governo, a UFSCar voltou a ter evidência na parceria com diferentes instâncias, retomando sua atuação no desenvolvimento de políticas públicas em diferentes áreas do conhecimento. Conquistamos investimentos importantes que permitirão retomar obras interrompidas e cumprir pactuações antigas, ainda não atendidas. 

Avançamos, mas ainda há muito a ser feito! Temos avaliado que essa gestão “colocou a casa em ordem” e agora temos as bases para que seja possível torná-la mais eficiente. Vemos na UFSCar uma Universidade sólida, de excelência, pioneira na defesa dos processos democráticos, na democratização do acesso à Educação Superior, na criação de políticas de permanência e no acolhimento de pessoas e de opiniões. Não temos dúvidas de que esses valores farão diferença nas questões que já nos são impostas nos dias atuais e que serão acentuadas ainda mais no próximo ciclo de gestão. Por isso, a chapa SER UFSCar foi formada combinando a experiência de pessoas que já estão na gestão com novos nomes, que se agregam à parte da equipe que fica, para oxigenar o trabalho, em uma composição de competências e representatividade que nos darão condições de avançar ainda mais. 

Essa carta-programa foi construída a partir de um trabalho coletivo que, salvo melhor juízo, nunca se deu dessa forma nas campanhas anteriores. Fizemos chamamentos abertos para que todas as pessoas da comunidade pudessem PENSAR a UFSCar conosco. Quatro reuniões abertas foram realizadas e cinco grupos de trabalho se debruçaram em temas relevantes para nossa Universidade. O produto desse trabalho somado às percepções da chapa dá o tom do que propomos para um próximo ciclo de gestão. 

O programa proposto busca aprimorar o processo de gestão multicampi; promover condições para melhoria da nossa infraestrutura nos quatro campi (com a diversidade imposta pelo contraste entre novo e antigo); garantir condições de trabalho e de pleno desenvolvimento a todas as pessoas que compõem a comunidade universitária; fortalecer o ingresso nos cursos de graduação e nos programas de pós-graduação, ampliando a atratividade da UFSCar em articulação com a rede das IFES no país; aprofundar a construção de processos formativos modernos, interprofissionais e articulados com as realidades local e regional; dar prosseguimento ao processo de modernização da governança e gestão institucional, construindo bases sólidas para a informatização a partir de sistema integrado; promover articulação no cuidado, em conexão com os sistemas de saúde local nos quatro campi. 

Acima de tudo, o trabalho ao qual nos propomos deve se dar por meio da retomada do sentimento de pertencimento dessa UFSCar que é nossa, é sua, é de todos, todas e todes! Por isso, a gestão de uma universidade como a UFSCar, até mesmo por sua história, não se limita à atuação da gestão. Não pode e não deve se limitar a ela. Incentivamos a todas as pessoas a participarem de forma efetiva na construção desse programa que, a partir de um processo de gestão democrática, estará sempre aberto para incorporar ideias e propostas. Entendemos, assim, que essa participação precisa se estender além deste momento de campanha. Convidamos todas as pessoas a ocuparem os espaços de representação nos conselhos superiores, a participarem ativamente do processo de fortalecimento da nossa UFSCar junto à sociedade brasileira. A fazerem a melhor política conosco! Façam parte! Venham SER UFSCar! 

Um forte abraço, Bia e Jesus!

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