As propostas apresentadas nesta Carta Programa partem de um convite a todas as pessoas para que venham SER UFSCar. Esse é um convite, primeiro, à comunidade universitária, para que, a partir desse pensar sobre os sentidos para a Universidade neste século que já entra em seu segundo quarto, e das experiências diversas vividas cotidianamente na Instituição, se sinta ao mesmo tempo acolhida pela UFSCar e responsável pelo desenvolvimento da Universidade.

Para essa comunidade, a ideia de que a UFSCar é Pra Você busca abranger desde a existência de estruturas, processos, programas, ações que garantam melhores condições de trabalho e vida na Instituição, até a promoção do sentimento de que a Universidade é para você também construir e transformar. 

O convite, no entanto, não se restringe à comunidade universitária. A reconstrução de um papel central da Universidade e, especialmente, sua relevância, passam inexoravelmente por diálogos com os diferentes grupos sociais que permitam a derrubada de diferentes muros entre Universidade e sociedade e a construção e, mais que isso, a concretização efetivamente coletiva de um projeto de país mais justo e menos desigual. 

A necessidade de derrubada desses muros, os reais e, principalmente, os simbólicos, vai desde o sentido que a Universidade tem – ou deixou de ter – para a juventude brasileira, imbricado à urgência de novas estratégias de atração dessa juventude à Educação Superior como possibilidade de ascensão e transformação social, até a interação com o poder público, sociedade civil organizada e, também, setores industriais, empresariais, de produção agropecuária e afins, para construção, efetivação e avaliação de políticas públicas e outras estratégias de enfrentamento dos principais problemas enfrentados pelo Brasil e pela Humanidade como um todo e de identificação e atendimento às demandas da sociedade brasileira. 

Para que todas as pessoas saibam e sintam que UFSCar é Pra Você, as primeiras propostas que apresentamos são: 

● criar política institucional para interação com a comunidade escolar e atração de estudantes para a Educação Superior, sobretudo de escolas públicas, e com olhar específico aos territórios onde estão os campi da Instituição; 

● disponibilizar recursos e serviços de apoio para grupos diversos, como centros de diversidade e inclusão, grupos de apoio e aconselhamento. 

Para que a Educação Superior oferecida na UFSCar seja verdadeiramente para todas as pessoas, é preciso aprimorar e ampliar continuamente a Política Institucional de Permanência de Estudantes na graduação e na pós-graduação, dentre outras ações relacionadas ao processo formativo, apresentadas a seguir: 

● aprimorar as condições de acesso e produção, bem como de reflexão a partir de dados sobre a realidade institucional (ingresso, evasão, retenção), por meio, por exemplo, da realização de estudos que resultem em evidências sobre esses fenômenos e, assim, em diagnósticos que subsidiem a formulação das políticas institucionais; 

● promover o debate e processos de tomada de decisão relacionados a inclusões, adaptações e alterações nos programas de permanência estudantil, a partir de demandas conhecidas, como o diferencial existente entre cursos integral e noturno; permanência de grupos de diferentes origens e configurações familiares; grupos específicos – indígenas, quilombolas, mães e pais etc. 

Ainda com foco em discentes, registramos a relevância de promover ações que permitam a escuta e a atenção integral em Saúde, relacionadas a: 

● criar cultura de acolhimento a ingressantes, com foco em grupos que promovam a qualidade de vida e espaços seguros de escuta; 

● apoiar ações para troca de experiências entre ingressantes e veteranos, em parceria com as coordenações de cursos e programas; 

● apoiar e expandir as ações para acolhimento em Saúde Mental; 

● mapear a ocorrência de eventos adversos em saúde de discentes em sala de aula, ampliando a discussão sobre a melhoria dos processos de orientação e encaminhamento.

Em relação às questões de acessibilidade, que impactam na diversidade, na inclusão e na permanência de discentes, docentes e TAs, é essencial que haja, para acolhimento mais efetivo de necessidades e demandas de pessoas com deficiências:

● orientação para a acessibilidade, desde os processos seletivos, passando pelas licitações até a manutenção predial e as relações vividas na Universidade; 

● processo de alocação de salas que antecipe demandas discentes, docentes e de TAs, garantindo boas condições no processo ensino-aprendizagem e de trabalho; 

● criar condições de melhoria para envio de informações prévias para docentes e TAs semestralmente; 

● cuidados com os espaços físicos de ensino-pesquisa-extensão, de trabalho, de promoção de Arte e Cultura, dentre outros, que envolvam a sua adequação para acolher; a busca por recursos que viabilizem acessibilidade e condições adequadas de permanência; e a manutenção de equipamentos prediais em dia. 

A relação entre acolhimento, pertencimento e permanência é transversal, não se esgotando, por exemplo, nas ações voltadas diretamente a discentes, ou somente no que diz respeito ao espaço físico. Assim, propomos também:

● fortalecer as instâncias articuladoras de ações de Pertencimento e Permanência, como a SAADE e a CASM; 

● buscar ampliação da “cultura do acolhimento” para todas as categorias, organizando calendário de ações de acolhimento tanto para estudantes como para TAs e docentes ingressantes na Universidade; 

● promover ações de acolhimento mais amplas para docentes ingressantes, que envolvam estudos, discussão de temáticas relevantes, percepção de dúvidas e inseguranças desses docentes.

O compromisso da candidatura SER UFSCar com a gestão de uma universidade multicampi também se relaciona com a ideia de que a UFSCar é para todas as pessoas. Assim, propomos: 

● estimular o desenvolvimento de ações intercampi, especialmente entre os campi com menor distância entre si (São Carlos e Araras, Sorocaba e Lagoa do Sino), visando ampliar elementos de gestão, de integração identitária e de gestão democrática entre as diferentes categorias; 

● multiplicação de ações nos campi a partir de diálogos integrados entre as unidades ligadas às pró-reitorias e à Reitoria, Centros Acadêmicos e coletivos de graduação e de pós-graduação; 

● considerar o espaço geográfico dos diferentes campi como base para ações no sentido do pertencimento (grupos sociais, potencialidades, demandas locais, características das populações de entorno);

Por fim, entendemos a valorização da memória institucional, sempre no sentido anteriormente colocado de movimento entre o olhar para o passado e a construção do futuro, como fundamental na construção e no compartilhamento da identidade institucional. Nesse sentido, propomos: 

● promover ações com foco na memória e no reconhecimento e visibilidade de conquistas da comunidade universitária; 

● promover o programa “Memória-Viva”, criando espaços para as pessoas enviarem seus próprios depoimentos e vivências; 

● ampliar a visibilidade e, assim, o acesso e o uso a locais de memória na UFSCar. 

● fomentar a Comunicação Pública da Ciência produzida pela UFSCar também em âmbito interno, visando contribuir para o aumento do sentimento de pertencimento junto a todos os setores que compõem a Comunidade UFSCar. 

● promover diálogos de saberes, especialmente os saberes tradicionais de nossa comunidade universitária.

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